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quarta-feira, 23 de junho de 2010

Venha o teu reino

Salve salve meus queridos!

Uma coisa que me gratifica deveras neste curso é ver mentes e corações inflamados de entusiasmo por alguma ideia que, outrora esquecida, eis que ressurge como que descoberta pela primeira vez. Como a da aula passada. Quebrar a mitologia da Nova Jerusalém como cidade encantada de ruas de ouro e cristal para enxergar a realidade por trás do símbolo. Contemplar o reino de Deus em sua glória futura e, mais que isso, ver a si próprio lá pela fé.

Essa perspectiva é purificadora: elimina qualquer desânimo que se tenha com as dificuldades desta vida. Ergue-nos a cabeça.

Como somos estetas (que cristão não é?), afirmamos: a beleza é uma forma de resistência e uma predição do triunfo de Deus contra toda essa miséria e mediocridade que grassam por aí. Mas estão com os dias contados: o reino avança em silêncio. Mas avança.

Que assunto você mais gostou de ver na aula passada:

  • a correspondência das pedras da Nova Jerusalém com o peitoral do sumo sacerdote de Ex 28.15?
  • a forma da cidade análoga à do lugar santíssimo do templo (1Rs 6.20)?
  • a tensão escatológica do já/ainda não?

Comente!

Tenham uma ótima semana. E não esqueçam as atividades pendentes!

Em Cristo

Seu colega

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Redações dos Alunos

Seguem os últimos trabalhos de vocês.

Reino de Deus

A descrição da noiva-cidade é em grande parte inspirada na leitura do Profeta Ezequiel (40-48) sendo o seu versículo 9 de um lirismo poético lindíssimo. Avisa-nos que a minuciosa e fantástica descrição da cidade é a visão da “Noiva”, afutura “Esposa do Cordeiro” (João 3, 29). Esse dado não se encontra em Ezequiel.

Entretanto, não faltam nos Cânticos dos Cânticos imagens da amada cidade: “bela como Tersa, formosa como Jerusalém” (6,4); “teu pescoço é a torre de Davi” (4,4); “Eu sou um muro, e meus seios são como as suas torres” (8,10).

O autor de Apocalipse sob iluminação do próprio DEUS parece se interessar primeiramente pelo lado “urbano-arquitetônico” da cidade, com suas portas (Ezequiel 48, 30-35), alicerces, disposições, materiais empregados (Isaías 54, 11-12) e o conceito dimensional da mesma (Ezequiel 40,3-5). A cidade é um cubo perfeito (conforme explanado em aula). Estranho projeto arquitetônico não?

Mas o fundamental é  lembrarmos que toda beleza intrínseca ao mesmo, nos mostra sua perfeição e organização cujo cerne é o próprio SENHOR! Vejam: O cubo é considerado uma forma geométrica perfeita de tal modo como o SANTO DOS SANTOS que era um cubo revestido de ouro puro com 10 metros de total e perfeita mensurabilidade.

A Cidade reflete a perfeição da obra do SENHOR, poderia me atrever dizendo que semanticamente é uma Sancta sanctorum celestial! Onde nela impera o número doze; tanto para: tribos, apóstolos (recordamos dos 144.000 do capítulo 7 – múltiplo de 12): doze mil estádios de lado (12X12), côvados e espessura da muralha, as doze pedras preciosas do URIM-TUMIM que nos levam ao livro do Êxodo 28, 15-21 e aos doze anjos que guardavam os acessos do Jardim do Éden (Genesis 3,24). É de fundamental importância termos que essa visão em Apocalipse é um SANTOCONTRA-SENSO ARQUITETÔNICO pois a finalidade edificadora é ESPIRITUAL! A cidade não necessita de um projeto para um Templo ou mesmo de um, porque a presença do SENHOR a enche sendo ELE o próprio TEMPLO (João 2, 19-21). Tampouco precisa de luminosidade ou “luz de lâmpada” (Êxodo 25, 30-31).

Nem da luz dos 2 luzeiros da criação pois será como a Jerusalém descrita por Isaías 60, 1-3 e 19-20: “não terás mais o sol como luz do dia, nem o clarão da lua te iluminará, porque o SENHOR será a tua LUZ PERPÉTUA”.

Cumpre-se perfeitamente a profecia onde um novo universo é anunciado (Isaias 65, 17,22 e 66) com todo o seu contexto onde o centro é uma nova humanidade totalmente diferente, onde o MAR que desaparece é o oceano primordial representando o caótico e/ou rebelde (Salmos 74, 13-14; 93,3-4). Pelo AMOR do CORDEIRO à nova Jerusalém. O resto, a história turbulenta e agitada, passou e acabou. Abrangendo-a inteira, história e criação onde habita aquele que é: “princípio e fim” (1,8), o alfabeto inteiro de tudo quanto se possa nomear (Isaías 44,6 e 48,12). “Dá a beber de GRAÇA” (Isaías 55,1): só exige; que tenham sede do manancial da vida (João 7,37; Jeremias 2,13 e Ezequiel 47).

Fecha-se o ciclo da herança tanto vetero como neo-testamentária ressoando em perfeita e linda harmonia.

Diácono Everson Asvolinsque

Observação do professor — Caro Asvolinsque, seu texto enseja os seguintes comentários:

  • Ezequiel enxergou a realidade espiritual projetada no futuro como um perfeito alinhamento do povo com o Deus da aliança. Só que, enquanto ele descreve esse alinhamento com base no referencial da Velha Aliança, João, no Apocalipse, o vê nos termos atualizados da Nova. Ambas as visões falam da grandeza, perfeição e vitória do reino de Deus sobre todos os seus inimigos. Naturalmente você deve considerar, como Paulo, que as realidades do passado eram sombras das coisas futuras, que vieram e se estabeleceram com Cristo (Cl 2.16-17). O último slide da apresentação do cap.6 ("A beleza do reino de Deus - escatologia e beleza") fala um pouco sobre as assimetrias trazidas pelo Reino — coisas que deixam o passado para trás. Dê uma olhada no arquivo, que está na pasta Estética.
  • Não simpatizo muito com a aplicação de textos de Cantares como referências espirituais ao Reino. Falta base exegética para relacionar. O que há em comum com o reino de Deus é a natureza pactual dos dois relacionamentos: o casamento (da sulamita) e a aliança dos crentes com Cristo. Ambos são pactos de amor e fidelidade.
  • Quando João e Ezequiel, conscientemente empregando linguagem simbólica, chegam a detalhes estruturais como ruas, portas, pátios, etc., aparentemente descrevendo o micro, na verdade falam do macro: de perfeição, sabedoria e excelência. Veja, em Ezequiel, as referências à simetria dos elementos, como em 40:10,24,28 etc. Em João a coisa se repete, com uma cidade quadrangular, 3 muros de cada lado, etc. Ambos os profetas relatam estruturas cujas dimensões medidas em muito ultrapassam a escala normal de tamanho das construções comuns. Estamos diante de uma realidade ampliada. Profeticamente: o reino que Deus preparou é infinitamente maior e mais extraordinário do que possamos imaginar.
  • Quanto aos números (12, 144 mil etc): números indicam quantidade, certo? Em linguagem simbólica essa noção se converte no peso, ou importância das coisas. Quando postos lado a lado, números diferentes em grandeza dão uma ideia do peso relativo de cada uma das partes. No caso do templo de Ezequiel e da Nova Jerusalém, deve-se manter a visão do conjunto: tudo é muito grande — ok, já sabemos que o Reino virá com grande força. Mas existem coisas grandes e coisas pequenas. Podemos falar, portanto, na sabedoria divina em juntar o grande e o pequeno numa construção perfeita, bela e coesa. Unidade e diversidade.
  • Não há registro da quantidade de anjos guardando o Éden. Isso é lenda judaica.
  • O sol e a lua não serão mais necessários porque estaremos no sábado escatológico, que não tem fim. Não haverá "tarde e manhã" -- o provisório dará lugar ao eterno.
  • O mar primordial não representava um "universo rebelde" simplesmente porque, a cada passo criativo realizado, Deus declarava que tudo era "muito bom". Não houve rebeldia. Tudo transcorria conforme o planejado. O mar, assim como os luminares, pertence à velha ordem.
  • "Fecha-se o ciclo da herança tanto vetero como neo-testamentária ressoando em perfeita e linda harmonia." É isso aí.

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