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domingo, 6 de junho de 2010

Interlúdio — ou sobre a existência do belo (e do feio)

Salve salve meus caros!

Qual não foi a minha surpresa ao ver que essa pausa no curso ensejou uma discussão (até filosófica) sobre coisas belas e feias!

Essas discussões não planejadas sempre me interessaram. Revelam o que vai, de fato, na nossa cabeça, que muitas vezes resiste à mudança de paradigmas trazida pela educação formal de um curso de escola dominical.

Então vejamos: o diabo existe? Isto é, existe no sentido objetivo, clássico e usual do termo? Chifres e tridente à parte, seria ele uma pessoa específica, com todos os atributos de personalidade (intelecto, emoções e vontade) e qualificadores (vil, mentiroso, dissimulado, cruel, gênio do mal e, sobretudo, adversário e tentador) que lhe têm sido sistematicamente atribuídos pela cristandade ao longo dos tempos? Ou seria o diabo um conceito primitivo carente de desmitologização para ser apresentado ao homem contemporâneo como uma representação impessoal das forças e vetores que não se alinham com o bem?

Esteticamente  isso é muito importante. Filosoficamente também. Falar do diabo é falar do mal e do feio e, assim como vimos que a bondade e o bem absolutos têm forma e organização, também cumpre responder a essa questão: o mal também tem forma e organização? Ele está ativamente empenhado contra o bem ou é simplesmente fruto da nossa ignorância e fraqueza? Mas essa ignorância e fraqueza é causada pelo quê ou por quem? Ou é uma aberração do sistema, da Matrix?

Somos estetas, mas não enxergamos (nem queremos fazer vocês enxergarem) o mundo em cor-de-rosa. Nossa responsabilidade ética é mostrar-lhes a glória de Deus (na medida de nossas finitas mas reais possibilidades), perante a qual caem todas as mentiras e filosofias que se opõem ao evangelho da graça. A beleza da verdade de Deus é tão forte que desmascara todas as mentiras e ilusões do mundo, e (voilá) dos sistemas que levaram o mundo a este estado deplorável onde o homem é o explorador do próprio homem e o bem e a justiça são suprimidos pela impiedade, ganância, insensibilidade e prevaricação aberta contra Cristo (2 Co 4.4).

A questão, do ponto de vista estético, é se esses sistemas estão organizados ou não e, em caso positivo, por que fator (pessoal ou impessoal). Cristo nos deu uma importante diretriz ao apontar a necessidade que até o mal tem de se organizar para prosperar (Mateus 12.22-32). No texto revela-se o estabelecimento de uma oposição entre dois reinos capitaneados por dois reis: o valente (v. 29) é o líder das forças que, no contexto, são contrárias ao Reino de Deus; veio, porém, o mais valente que, primeiro, amarrou o valente, depois saqueou-lhe a casa. A julgar pelo que Cristo afirma no v. 30, a oposição entre o Reino de Deus e o reino de Satanás é real, tensa e intransigível. Batalha espiritual no sentido mais cru da expressão.

Os padrões confessionais da Igreja Presbiteriana do Brasil, bem como os de várias outras denominações reformadas, claramente reconhecem a existência de Satanás como um ser pessoal, ativamente engajado em destruir a obra de Deus e iludir o mundo com mentiras. Incluí, a propósito disso, um arquivo na pasta Estética com o texto integral de nossa confissão de fé. A título de exercício, procure as ocorrências da palavra “Satanás” no texto e leia os versículos indicados. A Escritura é muito contundente a respeito, então abra o olho!

Quanto ao problema da historicidade do Jó da Bíblia, só tenho uma coisa a dizer: considerando que a mensagem do livro é que Deus é soberano,  inescrutável e justo com suas criaturas (Carlos Osvaldo Pinto, Foco e Desenvolvimento no Antigo Testamento, p. 433), seria absurdo se essa tese se aplicasse a um personagem de mentirinha, uma “fraude piedosa”. Então a criatura que demonstra que Deus é soberano com suas criaturas… não existe? Mas Jó é um exemplo para nós (cf. Tiago 5.11)!

Comentem!

Um forte abraço e tenham uma ótima e bela semana com Deus.

Em Cristo

Seu colega

Referências adicionais

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